Aquilo que antes era tão normal, começou a ser estranho, fiquei tão cansada de saltar os muros que se faziam de obstáculos, que desisti e prefiro, por vezes, escavar e passar por baixo, ou apenas deixar para lá e ficar parada, olhando para ele, pensando o que poderia desenhar naquele muro branco.
Depois lembro-me que aquelas palavras de saudade, amor e ternura, começaram a ser como nuvens lá no alto, longe de mim, deixaram de fazer sentido enquanto olho, agora, ao redor da minha vida. Deixei somente de me importar e fazer importar para alguém, importar até com os outros e com o mundo. Comecei a ser um tanto faz na vida de alguém, que decidi ser o tanto faz da minha vida. Pensando no meu amanhã, que já custa a ter mão nele, deixando passar o hoje como se não tivesse força ou coragem para o mudar. Esquecendo-me de todos os desejos, vontades e sonhos que tinha para realizar, abrindo mão do que poderia ter tido, por sei lá eu, medo ou receio de não ser igual ao que sonhava ter.
Eu sei...Sinto falta, é difícil de admitir, mas sinto falta de ti, ou daquilo que demonstraste ser na minha vida, do tão pouco que marcaste. Apesar de não querer que impelisses esse sentimento, está na altura de admitir que sim. Porque o que vem depressa e por pouco tempo, por vezes, é o que marca mais.
E assim, vai passando a vida, com a sua falta, sem querer me importar com o resto, vivendo o que a minha vida me dá para viver e aceitando, que muitas vezes, para não dizer sempre, não é como queremos. Acabei perdendo os sonos, as vontades, os sonhos e até amizades, deixando ir com esse desinteresse que não queremos ter, mas que é tão difícil de remover de dentro de nós.
Porque é isso o meu estado, sem definição, apenas, existindo. E tantas vezes eu pedi para viver, porque respirar e existir todos nós conseguimos, respirar e viver, já é mais complicado.
E depois fico aqui, dizendo coisas sem sentido, que para mim fazem todo o sentido do mundo, à espera do meu " E viveram felizes para sempre", que parece nunca mais chegar... Então fico, aqui, a olhar para o muro branco, pensando no que poderia desenhar e mudar em mim, esperando que a tua falta passe.
É eu sei... Está tudo tão, sei lá...