Tomara que tivesses pensado assim...

Tomara que tivesses pensado assim. Tomara que tivesses ficado em vez de preferires ir embora. Tomara que tivesses pensado nisso antes e não agora quando a vida avançou... Agora o sentimento já está guardado lá no fundo do coração, agora eu não quero que volte, agora sou eu a forte o suficiente para te dizer não. Sim, peço-te para ires embora, não porque já não sinta nada, mas porque não quero sentir. Não quero sentir de novo aquela ansiedade de te ver, não quero sentir o teu toque. Não. Não quero perdoar-te de novo, porque perdoar-te demais, cansa. E eu estou cansada de repetir-te, repetir as tuas frases no meu pensamento, relembrar cada momento, sentir cada toque e cada saudade que apertou-me e devastou-me. Não quero mais isso!
Não quero que voltes. Não se trata de egoísmo, trata-se de já não sentir que pertences à minha vida. Tens que entender, eu avancei... Eu esperei por ti todo aquele tempo que andaste me esquecendo, secretamente, eu esperei por ti. Pela tua mensagem a dizer que sentias saudades, pelos nossos encontros ao acaso, pelo retorno dos nossos momentos, por tudo em ti, que tudo em mim, desejava ter de novo... Eu esperei... E tu? Tu não vieste!
Então porque me pedes de volta agora?
Não percebes que o tempo passa, as coisas mudam e a dor acalma? Achavas que ia ficar sentada à tua espera, enquanto tu, te levantaste e foste embora sem sequer quereres saber como estava?
Não me peças para sentir tudo aquilo de novo, sabendo à partida que vai acabar da mesma forma!
Tu não entendes? Não entendes o quanto dói perder alguém? Não entendes. Não sabes o que é ter o coração na mão e dá-lo a alguém, para no final, te o entregarem partido! É o mesmo que pegares numa flor, machucares e depois a tentares colocar da mesma forma que a encontraste, somente, não há volta a dar. Assim que quebras algo, por mais pedidos de desculpa que existam, não volta ao mesmo. É o mesmo com a confiança, quando quebrada, não é a mesma.
E eu... Eu cansei... Cansei de esperar por algo que nunca mais chegou, ergui a cabeça, segui em frente e sorri de novo. Vivi, não me deixei afectar pelo grito dos meus pensamentos, que pareciam só te querer.
E agora, estás aqui tu. Tu com esse teu olhar, com essa tua postura confiante, a pedir perdão de novo, esperando que eu voltasse. Estás a tentar começar de novo... Esqueceste-te de tudo aquilo que disseste? Esqueceste-te de como me fizeste chorar? Eu não esqueci. Não vou esquecer. Mas não sinto raiva de ti, não... Agora sinto pena. Sinto pena por só agora teres percebido o que eu significava na tua vida, sinto pena por quereres de novo e eu já não querer saber sequer. Sinto pena de ti... Porque eu vou continuar de cabeça erguida, de sorriso posto e tu? Tu vais fingir. Vais fingir como eu fingi!
Mas sabes, isso, eventualmente, irá passar...
Tomara que tivesses pensado assim antes de eu ter decidido seguir em frente sem ti.