gone...

Nada se resolve ignorando e fingindo, muito menos pensando que um dia tudo se vá embora e que acabamos nos esquecendo do que é importante agora. Porque o que te marca agora, mais tarde é memória e memória é sempre recordada. Não vale a pena fingir mais, apenas enfrentar.
E enquanto te encontras a fugir e a negar, a dizer que não queres mais saber dos sentimentos e das vontades, dás por ti a pensar no aperto que te dá de vez em quando. 
Um aperto tão forte quanto a falta de respiração... São momentos, são memórias, são sorrisos, são lágrimas.. Recorda-se tudo, fingindo apagar do pensamento com borracha de papel. Pensamentos tão altruístas que nem sabes como os fazer desaparecer.
E pensas, pensas que vais esquecer o que tanto te magoa, te aperta, te dói. Pensas que com o tempo a dor desaparece e vá embora, mas a verdade é que não desaparece, esconde-se. Esconde-se e fica à espera de alguém a fazer relembrar. Alguém ou algo.
E quando relembras, volta tudo de novo. Todos os sentimentos, sorrisos, pensamentos, tudo... Tudo reaparece como se não tivesse sido levado e apagado de ti. E não os consegues controlar mais. Queres que desaparecem pois percebeste teu erro, e não consegues esquecer, não os consegues apagar. Revolta-te.
E se eu tivesse mais um dia, irias perceber que não era necessário tanta dor, tanto desassossego.
Queria acreditar, que esta distância entre nós serviu para nos juntar, porém, cada mar separando, cansa e não trás vontade de voltar, pelo contrário. Vamos nos afeiçoando à distância trémula e redundante desconfortável, que acabas por não saber como sair. Mas consegues, porque consegues manipular os teus pensamentos de modo a deixares ir tudo que te assombra. Com esforço, com força, com vontade.
Um vazio. Vazio este que até se faz perder, vazio que nem rodeado se faz esquecer.
E ouvir aquelas pequenas palavras que decidiste mesmo, saber aquela tua tão forte decisão, faz-me vacilar mudança.
Fez-me deixar de acreditar em tudo aquilo que já tínhamos dito e agora nada é. Fez-me relembrar tudo aquilo que perdemos, tudo o que podíamos ter tido e já não temos.
Porém, é isso, lá vai, lá vai e não volta aquilo que o vento soprou para longe de ti. Se ao menos soubesses voar, e tivesses forças, voavas atrás da metade de felicidade que agora partiu sem mais olhar.
Felicidade, metade de minha felicidade. Porque minha felicidade não se encontra apenas naquilo que perdi, mas em tudo aquilo que voltou, em tudo que nunca partiu.
Deixei apenas de me importar... Deixei de sentir, deixei... Porque quanto mais sinto, penso, importo, mais dói, mais aperta.
E o que devemos fazer mais para esquecer, se não ignorar? Não sei. Sei apenas que preciso de mudança, preciso de régua para endireitar o presente, não borracha para apagar o passado. Porque o meu passado relata a minha parte feliz. E neste momento, a felicidade é vazio. Vazio apenas e não há definição melhor para o vazio, do que... nada...
E com medo de me partir, eu vou largando mão.
E com medo de me quebrar, eu vou deixando ir.
E com medo de voltar atrás, eu vou esquecendo.
A mim, às memórias, aos momentos. Nós.